O cineasta sueco Ruben Östlund encontrou um caminho para levar suas idéias às telas com enorme sucesso. Foi assim em FORCE MAJEURE e agora em TRIÂNGULO DA TRISTEZA (premiado com a Palma de Ouro em Cannes).
Östlund conta histórias que expõem com muita acidez e sarcasmo as relações sociais do nosso tempo.
Aqui ele foca um cruzeiro a bordo de um iate avaliado em 250 milhões de dólares, reunindo ricaços de várias origens, sendo servidos por meninos e meninas de grande beleza, enquanto as tarefas pesadas são encaradas por minorias praticamente escravizadas.
O capitão do navio (Woody Harrelson, ótimo)é um alcoólatra entediado que desdenha todas as suas tarefas.
A certa altura, um evento inesperado vai colocar vários dos membros do cruzeiro em uma ilha deserta, obrigando-os a se despir de seus privilégios para lutar pela sobrevivência.
Tudo no filme de Östlund é propositadamente exagerado. Inicia pela já famosa cena do vômito e diarréia coletivos justamente na mais glamurosa das noites, o Jantar do Capitão.
A acidez do humor do roteiro – escrito pelo próprio Östlund – garante muitos momentos admiráveis no filme. Muita coisa da vida atual – posts felizes no Instagram, a hiper valorização do corpo, a identificação de felicidade com dinheiro, o poder dos ricos, a precariedade do tratamento às minorias – tudo vem embalado nesta sátira social que, ao mesmo tempo lembra, alguns clássicos italianos (A COMILANÇA e SWEPT AWAY) e o recentemente Oscarizado filme coreano PARASITA.
É claro que TRIANGLE OF SADNESS não é uma narrativa fácil ou agradável.
Mas a ideia de seu realizador não poderia ser mais clara e nem colocada na tela de forma mais competente.
Swedish filmmaker Ruben Östlund has found a way to bring his ideas to the screen with huge success. It was like this in FORCE MAJEURE and now in TRIANGLE OF SADNESS (awarded with the Palme d’Or at Cannes).
Östlund tells stories that expose the social relations of our time with a lot of acidity and sarcasm.
Here he focuses on a cruise aboard a yacht valued at 250 million dollars, bringing together rich people from various origins, being served by boys and girls of great beauty, while the heavy tasks are faced by practically enslaved minorities.
The ship’s captain is a bored alcoholic who disdains all his tasks.
At one point, an unexpected event lands several of the cruise members on a deserted island, forcing them to strip themselves of their privileges to fight for survival.
Everything in Östlund’s film is purposely exaggerated. It begins with the already famous scene of collective vomiting and diarrhea precisely on the most glamorous of nights, the Captain’s Dinner.
The acidity of the script’s humor – written by Östlund himself – guarantees many admirable moments in the film. Much of today’s life – happy posts on Instagram, the hyper valuation of the body, the identification of happiness with money, the power of the rich, the precarious treatment of minorities – everything is packaged in this social satire that, at the same time, reminds some Italian classics (LA GRANDE BOUFFE and SWEPT AWAY) and the recently Oscar-winning Korean movie PARASITE.
Of course, TRIANGLE OF SADNESS is not an easy or pleasant narrative.
But its director’s idea could not be clearer or more competently put on screen.
Caro Marco Antônio, parabéns pelo preciso comentário de Triângulo da Tristeza , “criativa e ácida crítica das relações sociais” e na mesma linha, como apontado, a “Parasitas” e também, me atrevo a dizer, a “Tigre Branco”, mais irônico e mordaz com a cena do guilhotinamento do amo com uma garrafa de Johnnie Walker Black, uma paródia da revolução francesa, e o escravo se transformando em amo e passando a lidar com seus escravos, do mesmo modo que acontece em Triângulo da Tristeza com a servente do navio que escraviza os ricaços.
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Obrigado pela gentileza. Abraços
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