Sou fã rasgado do cinema de David Fincher. Acho SEVEN, um dos melhores thrillers das últimas décadas e possivelmente o mais elaborado filme sobre serial killers. Gosto muito de ZODÍACO, ALIEN 3 e THE GIRL WITH THE DRAGON TATTOO (que acho que algum dia ainda vai ser valorizado como merece).
THE KILLER – em cartaz na NETFLIX – vem sendo recebido com alguma frieza. Conta a história de uma matador profissional de currículo impecável (Michael Fassbender como sempre espetacular), que vai sofrer as consequências de ter falhado em sua mais recente missão.
O filme é propositadamente lento. É um profunda reflexão sobre a figura do hitman sem nome. Não à toa tem uma narrativa em off do próprio personagem, a cada novo objetivo, repetindo seus mantras à exaustão.
Empatia é fraqueza, repete o assassino. Será uma reflexão fincheriana sobre os tempos que vivemos?
Um segundo ponto é que o filme é duro. Não tinha como ser diferente. É sobre um matador profissional. Cruel, violento, cirúrgico em seu único objetivo de matar o alvo a sangue frio.
Para contar sua história, baseada no livro THE KILLER, de Alexis Nolent, ilustrado por Luc Jacamon, Fincher também buscou se despir de maiores emoções. Os apelos finais das vítimas por suas vidas, não ganham do assassino (nem do filme) qualquer simpatia. Ganham um tiro a queima roupa, frio e brutal.
Em um brilhante trabalho na TV, Fincher produziu (e dirigiu alguns episódios) de MINDHUNTER, uma das melhores séries recentes, infelizmente descontinuada pela HBO. Ali o foco central já era o que passa na mente de um assassino para se desumanizar a tal ponto. Lá eram serial killers, aqui um hitman. Ambos matam in cold blood.
Gosto sempre de lembrar que Fincher também tem em seu currículo a série HOUSE OF CARDS, outro brilhante exercício de seu talento, ali fazendo um autópsia dos meandros políticos do governo. Excepcional.
Tilda Swinton, Charles Parnell, Arliss Howard, Kelly O’Malley, Sophie Charlotte e Emiliano Pernía fazem um elenco de excelência.
Na minha opinião, David Fincher fez mais um filme de ótimo nível. Talvez o menos hollywoodiano e o mais duro de todos.
Mas ainda assim, um excelente filme.