POOR THINGS: A Fascinante História de Bella Baxter

POOR THINGS, do cineasta grego Yorgos Lanthimos merece todos os elogios que vem recebendo. É um filme autoral com muito “penso” por trás, em todos os aspectos. E olha que apesar de gostar bastante de A FAVORITA, tenho um pé atrás com os demais filmes que Lanthimos assinou.

Não gosto quando, para contar sua história como deseja, o diretor se torna hermético e inacessível. Profundidade ok, mas não pode prejudicar a comunicação da obra com seu público.

Com certeza, o cinema da Lanthimos – e POOR THINGS se insere nesse quadro – não é para o grande público. O grego não faz concessões. Tudo é demais em seu filme. Sexo demais, beleza demais, violência demais, sangue demais, loucura demais.

Pois em POOR THINGS, ao menos na minha opinião, as coisas se equilibraram magicamente.

A beleza visual estonteante do filme (há muitas cenas que parecem quadros pintados por artistas famosos) reina sobre quase tudo.

Claro que a grande atração do filme é o trabalho de Emma Stone. A jovem atriz de 36 anos dá um show. Bella Baxter é uma das personagens eternas do cinema.

O conto de Frankenstein moderno vivido por Willem Dafoe (sempre incrível) não existiria sem esse tour de force admirável sob todos os aspectos para a atriz que merecidamente ganhou o Oscar por LA LA LAND. Nada pode ser ser mais diferente.

Bella Baxter morre na cena inicial do filme. E reaparece com uma vida extraordinária onde há tantos aspectos incríveis que Lanthimos explora com maestria. Ela é uma criança reaprendendo a viver, mas é uma mulher cheia de desejos e vontades, que sabe como poucas ir atrás deles.

POOR THINGS é um libelo feminista. Mas é tão bem pensado e executado que é impossível para qualquer ser humano não se solidarizar (e torcer) por Bella Baxter.

Realmente ela merece todo sucesso que vem tendo. E pode sim, em um ano diferenciado, levar outro Oscar, apesar da concorrência pesadíssima que tem pela frente.

POOR THINGS é um filmaço. Difícil mas um filmaço.

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