O filme tem 100 minutos. Apenas dois personagens aparecem. Se passa inteiramente dentro de um táxi amarelo, que a protagonista pega no Aeroporto JFK, em Nova Iorque, querendo ir até Midtown, em Manhattan. Fica o tempo inteiro conversando com o motorista. Monotonia? Nem um pouco.
DADDIO, de Christy Hall é um belíssimo filme.
O roteiro – também escrito pela jovem cineasta americana de 39 anos – é extremamente criativo e sensível. Visita situações (reais?) das vidas de duas pessoas tão diferentes quanto parecidas, que falam sem parar durante o tempo da viagem até a casa da personagem.
Girlie (o nome dela jamais é dito) é uma jovem programadora de computador, nascida e criada em Oklahoma e que vive há nove anos em Manhattan. Traz certos traumas familiares, como a frieza do Pai e a loucura da irmã (a quem tinha ido visitar) e hoje vive um namoro com um homem casado que lhe pede e envia nudes explícitos. Precisa um ouvinte para desabafar.
Clark (ou Mickey) é um veterano motorista de táxi de Nova Iorque, que foi casado duas vezes, gosta de observar os passageiros e têm suas próprias ideias sobre a vida. Provoca com perguntas incisivas, mas também gosta de contar as histórias de sua vida, sejam ficcionais ou não.
Entre os dois, durante essa única viagem, vai se estabelecer uma relação de pai e filha. Explicado o Daddy-o do título do filme.
Não há como não sermos sensibilizados por um diálogo maduro, duro e contundente mas repleto de um olhar carinhoso e atenção de um sobre o outro. Sean Penn e Dakota Johnson estão fabulosos.
Christy Hall fez um lindo filme.
Ouvir o outro com atenção é algo cada vez mais raro e mais precioso.
The film is 100 minutes long. Only two characters appear. It takes place entirely inside a yellow taxi, which the protagonist takes at JFK Airport in New York, wanting to go to Midtown, in Manhattan. She spends the whole time talking to the driver. Monotony? Not at all.
DADDIO, by Christy Hall, is a beautiful film.
The script – also written by the young 39-year-old American filmmaker – is extremely creative and sensitive. It visits (real?) situations in the lives of two people as different as possible, who talk non-stop during the trip to the female character’s house.
Girlie (her name is never said) is a young computer programmer, born and raised in Oklahoma and who has lived in Manhattan for nine years. She has certain family traumas, such as her father’s coldness and her sister’s madness (whom she had gone to visit) and is currently dating a married man who asks for and sends her explicit nudes. She needs someone to listen to in order to grow.
Clark (or Mickey) is a veteran New York taxi driver who has been married twice, likes to observe his passengers and has his own ideas about life. He provokes with incisive questions, but also likes to tell stories about his life, whether fictional or not.
During this single trip, a father-daughter relationship will be established between the two. This explains the Daddy-o of the film’s title.
It is impossible not to be touched by a mature, tough and blunt dialogue, but full of a loving look and attention from one to the other. Sean Penn and Dakota Johnson are amazing.
Christy Hall made a beautiful film.
Listening to the other attentively is something that is increasingly rare and precious.
Cinemarcoblog 