O convidado de hoje do CINEMARCO é meu amigo, crítico de cinema e cinéfilo Julio Ricardo da Rosa. Ele traz sua lista de Melhores de 2024. Baita lista.
O ano de 2024 foi outro período duro para os cinemas. As salas ensaiavam uma recuperação do período de pandemia quando chegou a enchente que paralisou a cidade por mais de 30 dias e causou incontáveis prejuízos, afetando outra vez a frequência de público. A qualidade média dos filmes exibidos também foi baixa, mas muitos bons filmes chegaram as telas. Abaixo estão aqueles que mais me agradaram.
1 — O Melhor Está Por Vir, de Nanni Moretti. Um dos grandes do cinema italiano aposta no futuro da sétima arte realizando um filme que é uma ode aos musicais e aos apaixonados pelas imagens.
2 — Zona de Interesse, de Jonathan Glazer. A banalidade do mal retrata no cotidiano da família de um comandante de um campo de extermínio. Um mergulho na maldade inata do ser humano e daqueles que se consideram superiores.
3 — O Jardim dos Prazeres, de Paul Schrader. O cotidiano de um ex- integrante de gangues transformado em jardineiro e amante de uma mulher poderosa, que vê seu mundo desabar com a chegada de uma jovem e se vê obrigado a retomar seu caminho de violência.
4 — Ainda Teremos o Amanhã, de Paola Cortellesi. Sensível relato sobre a vida de uma mulher tutelada por um marido violento na Itália do pós guerra. Filmado em deslumbrante preto e branco e dono de um dos epílogos mais impactantes dos últimos anos.
5 — O Sequestro do Papa, de Marco Bellochio. Baseado em uma história real, o veterano cineasta mostra as raízes do anti-semitismo e da ditadura de um poder que, em nome do bem, praticou crimes terríveis.
6 — O Bastardo, de Nicolaj Arcel. A odisséia de um soldado que luta para se tornar nobre em uma época de preconceitos e barreiras quase intransponíveis. A surpresa da temporada, lembrando em alguns momentos os melhores tempos de Elia Kazan.
7 — O Quarto ao lado, de Pedro Almodóvar. Lembrando o estilo dos dramas de Woody Allen, o cineasta espanhol realiza um dos seus melhores filmes, falando da dignidade no enfrentamento de uma situação terminal.
8 — Golpe de Sorte em Paris, de Woody Allen. O grande cineasta americano mais uma vez mostra o quanto a vida depende de pequenos momentos, de situações fortuitas que podem definir uma vida. O mestre segue em forma aos 88 anos.
9 — Eu Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. Seu melhor filme desde “Central do Brasil.” Os anos duros da ditadura militar no Brasil retratados com sensibilidade mas fugindo de lugares comuns e palavras de ordem. A sequência em que a família deixa a casa no Rio de Janeiro é antológica.
10 — O Conde de Monte Cristo, de Mathieu de la Porte e Alexandre de la Patillièrre. A obra imortal de Alexandre Dumas adaptada como ela realmente é; um drama íntimo e doloroso antes de uma história de capa e espada.