O convidado de hoje do CINEMARCO é o escritor, jornalista e cinéfilo Júlio Ricardo da Rosa. Aí vai a lista de MELHORES FILMES DE 2025 by Julio Ricardo da Rosa.
Foi outro ano duro para os cinemas. A frequência aumentou, mas ainda está distante do período pré-pandemia, e qualidade média da programação é baixa, investindo na infantilização do espectador. Ainda assim o ano que termina teve ótimos momentos.
1 – Emília Perez, de Jacques Audiard. Um musical inovador com momentos de rara grandeza. As sequências finais são de raro impacto.
2 — A Semente do Fruto Proibido, de Mohamad Rasoulof. Uma análise dos processos ditatoriais a partir do ambiente familiar. A lei vergada por fanatismo religioso transformando o universo caseiro em uma réplica de um regime repressivo. Brilhante do início ao fim.
3 — Parthenope, de Paolo Sorrentino. O maior cineasta italiano em atividade mistura Fellini e Antonioni em um filme de rara beleza. Onírico, lírico, ele conta a história de uma mulher batizada com o nome de uma ninfa. O passar do tempo, seus amores e desamores e sua vida profissional.
4 — Levados Pelas Marés, de Jia Zang Ke. A história de um amor que nunca se concretiza ajuda a contar a história das transformações que modificaram a China nos últimos 30 anos. Triste e vigoroso, o filme confirma todas as qualidades atribuídas ao diretor ao longo dos anos. Inovador na maneira como trabalha o tempo, ele fascina desde as primeiras imagens.
5 — Uma Bela Vida, de Costa-Gravas. Aos 92 anos o grande mestre do cinema político apresenta a vida dos profissionais da saúde que lidam com pacientes incuráveis e se preocupam em oferecer nestes derradeiros momentos, aconchego e conforto. Humanismo como há muito o cinema não mostrava. Costa-Gravas honra sua brilhante filmografia neste filme inesquecível. A sequência final mostra que ninguém está imune aos infortúnios, mas que enfrentar estes desafios é fundamental.
6 — Os Enforcados, de Fernando Coimbra. O diretor de “O Lobo atrás da Porta” confirma as qualidades exibidas em seus trabalhos anteriores num filme que faz lembrar o clássico “O Tesouro de Sierra Madre”, de John Huston. O mundo da contravenção mostrado com realismo e alta dramaticidade.
7 — O Retorno, de Uberto Pasolini. A parte final da “Odisséia” filmada com realismo e toques existencialistas. Ulisses, aqui chamado por seu nome original grego, Odisseu, volta a Ítaca sem saber se ainda tem o direito a reclamar seu trono e sua família. Há sequências primorosas como o reencontro com Argus, o cão familiar, com o filho e o momento em que a antiga ama reconhece o rei disfarçado. Merece ser visto e apreciado.
8 — A Vida de Chuck, de Mike Flanagan. A melhor adaptação de uma obra de Stephen King em muitos anos. O lirismo e o fantástico se encontram para narrar a vida de um homem que se adapta a diversas situações em sua vida na busca pela felicidade. Narrado com emoção e de forma atemporal, o filme é uma experiência encantadora.
9 — Uma Batalha Após a Outra, de Paul Thomas Anderson. Um dos grandes do atual cinema americano reflete sobre o mundo atual ao narrar a história de militantes que enfrentam as forças dominantes. Anderson navega na mesma onda do falecido Robert Altman, para mostrar as diversas faces de um mundo dominado por paranóias e ganancia.
10 — Sonhos, de Michel Franco. O cineasta mexicano narra uma história de paixão tórrida para refletir sobre os distanciamentos sociais, a benemerência como forma de destaque social, os preconceitos e a impossibilidade de convívio entre universos conflitantes. As imagens finais exibem uma vingança de rara crueldade. Amor transformado em ódio genuíno.