Evidentemente, a cinematografia da França já legou à história do cinema, um número incrível de obras primas nascidas da mente privilegiada de cineasta extraordinários, afinal, foi lá que nasceu a Nouvelle Vague. Godard, Truffaut, Resnais, Gance, Chabrol, Clement, Meliés, Vigo, Cocteau, Rohmer, Demy e Malle, só para ficar em alguns nomes, elevaram o cinema francês à primeira prateleira mundial.
Por isso, é tão evocativo que lá de vez em quando a gente se depare com um filme francês acima da média. Muitas vezes são produções pequenas, mas que, em algum lugar têm uma centelha diferenciada que homenageia – até involuntariamente – àqueles mestres.
Ontem, navegando no NOW, encontrei o filme DELICIOSO: DA COZINHA PARA O MUNDO, que o cineasta Éric Besnard fez em 2021. Besnard fez até hoje apenas oito filmes como diretor. Tem 58 anos e a maior parte do tempo foi roteirista. Vou observar melhor o trabalho dele a partir de ontem.
DELICIOUS é uma fábula que se passa às vésperas da Revolução Francesa. Pierre Manceron (Grégory Gadebois) é um jovem pobre que, ao abrigo do nobre Duque de Chamfort (Benjamin Lavernhe) cresceu e se tornou um chef de cozinha excepcional. Faz pratos maravilhosos para o Duque e seus convidados. Temperamental como muitos artistas, Manceron certo dia faz um banquete para o Duque e, ao final, é chamado por ele para receber os elogios. Entre os convidados daquela tarde estava um Bispo que, a pretexto de lembrar – depois de se empanturrar – que a gula é um pecado mortal aos olhos da Igreja, destrói a comida de Manceron sem dó nem piedade. O chef se recusa a pedir desculpas e é expulso do castelo.
Vai com o filho, se abrigar em uma das propriedades próximas do nobre, junto com seu filho Benjamin (Lorenzo Lefèvbre), um jovem que tinha a estranha mania de ler livros e jornais e ter ideias sobre inovação, homens voando em balões e novos ventos na sociedade francesa.
Muito pobres, ele recebem a chegada da bela Louise (Isabelle Carré, ótima), uma mulher independente, corajosa, fascinante e com agenda própria. Ela se oferece para contratar Manceron para lhe ensinar a cozinhar. Mesmo desconfiado, Manceron começa a ensiná-la.
Juntos, os três criam um dos primeiros restaurantes do local, uma pequena cozinha que faz comida de alta qualidade para quem quiser ali comer, pagando conforme suas possibilidades.
O fato desperta a ira de Duc de Chamfort, que fará de tudo para impedir a empreitada. “A boa gastronomia é para os nobres. Pessoas pobres e desdentadas não saberão apreciar seus pratos.”, arrogantemente sentencia ele a Manceron.
O filme tem uma aura poética e lírica que, forçoso reconhecer, contém muita ingenuidade. Mas a história do exército de Brancaleone de Manceron e sua turma para derrubar o Duque e seus preconceitos excludentes é linda demais. Chorei e ri muitas vezes durante o filme. suas imagens, cenas e diálogos são humanos demais.
Claro que os maravilhosos pratos que Manceron e Louise preparam (mostrados em detalhes como hoje é moda no cinema), deixam o filme ainda mais DELICIOSO.
Poucas vezes um filme honrou tanto o seu título. Liberté, egalité et fraternité também vale para comida e gastronomia de primeira qualidade.
Of course, the cinematography of France has already bequeathed to the history of cinema, an incredible number of masterpieces born from the privileged mind of extraordinary filmmakers, after all, it was there that the Nouvelle Vague was born. Godard, Truffaut, Resnais, Gance, Chabrol, Clement, Meliés, Vigo, Cocteau, Rohmer, Demy and Malle, just to name a few, have elevated French cinema to the world’s first shelf.
That’s why it’s so evocative that every now and then we come across an above-average French film. Often they are small productions, but that, somewhere have a different spark that pays homage – even unintentionally – to those masters.
Yesterday, while browsing NOW, I found the film DÉLICIEUX (DELICIOUS), which filmmaker Éric Besnard made in 2021. Besnard has made only eight films as a director. He is 58 years old and most of his time has been a screenwriter. I’ll take a closer look at his work starting yesterday.
DELICIOUS is a fable set on the eve of the French Revolution. Pierre Manceron (Grégory Gadebois) is a poor young man who, under the shelter of the noble Duke of Chamfort (Benjamin Lavernhe), grew up to become an exceptional chef. He makes wonderful dishes for the Duke and his guests. Temperamental like many artists, Manceron one day makes a feast for the Duke and, in the end, is called by him to receive the praise. Among the guests that afternoon was a Bishop who, on the pretext of remembering – after stuffing himself – that gluttony is a mortal sin in the eyes of the Church, destroys Manceron’s food without mercy. The chef refuses to apologize and is kicked out of the castle.
He goes with his son, to take shelter in one of the properties close to the noble, together with his son Benjamin (Lorenzo Lefèvbre), a young man who had the strange mania of reading books and newspapers and having ideas about innovation, men flying in balloons and new winds in French society.
Very poor, they welcome the arrival of the beautiful Louise (Isabelle Carré, great), an independent, courageous, fascinating woman with her own agenda. She offers to hire Manceron to teach her how to cook. Even suspicious, Manceron begins to teach her.
Together, the three create one of the first restaurants in the area, a small kitchen that makes high-quality food for anyone who wants to eat there, paying according to their means.
The fact arouses the ire of the Duc de Chamfort, who will do anything to stop the undertaking. “Good cuisine is for the nobles. Poor and toothless people won’t know how to appreciate your creations.”, he arrogantly sentences Manceron.
The film has a poetic and lyrical aura that, admittedly, contains a lot of naivety. But the story of Brancaleone’s army of Manceron and the gang to overthrow the Duke and his exclusionary prejudices is just too beautiful. I cried and laughed many times during the movie. its images, scenes and dialogues are all too human.
Of course, the wonderful dishes that Manceron and Louise prepare (shown in detail as it is today in cinema), make the movie even more DELICIOUS.
Few times has a film honored its title so much. Liberté, egalité et fraternité also goes for top quality food and cuisine.
Cinemarcoblog 