Alfredo, o imortal personagem vivido por Philipe Noiret em CINEMA PARADISO, de Giuseppe Tornatore certamente é quem nos vem à mente quando pensamos nos operadores cinematográficos, aqueles que colocam os filmes nos projetores para iluminar as telas dos cinemas.
No ótimo IMPÉRIO DA LUZ, Toby Jones faz Norman, um projecionista que mantém sua cabine como um feudo de magia e mistério onde se faz a luz que projeta os filmes. A muito custo permite que Stephen passe a frequentar a cabine e aprenda a projetar os filmes.
Em minha vida de cinéfilo lidei com muitos projecionistas. Lembro do Sr. Carraveta que era um senhor octagenário que já tinha dificuldade em levantar os rolos de filmes para encaixar nos projetores, mas que tinha histórias de cabines maravilhosas. Dos filmes de nitrato que eram inflamáveis até as moviolas onde emendava partes de filmes com defeitos na cópia.
Ou o Ariovaldo, um comerciário que à noite projetava filmes no Cine Avenida. Foi a pessoa que menos podia ouvir falar em O IMPÉRIO DOS SENTIDOS, obra prima de Nagisa Oshima, que ficou mais de um ano em cartaz no Avenida. Não podia mais ver o drama do casal de Oshima.
Ou o Gessi, um projecionista do Cine Carlos Gomes que na última sessão da noite subtraía algumas cenas do filme (western, kung fu ou pornô) para ir mais cedo para casa.
Hoje os filmes chegam até as salas de cinema pela internet com complexas chaves codificadas que os colocam em projetores digitais de última geração.
Mas a gente ainda tem saudades dos rolos de filmes, do carvão incandescente criando a luz para projetar o filme na tela, dos sinais de que os rolos de filme estavam no fim, ou daquelas cabines quentes e mal iluminadas com as paredes cobertas de cartazes antigos.
Eram um paraíso cinematográfico.
Alfredo, the immortal character played by Philipe Noiret in CINEMA PARADISO, by Giuseppe Tornatore, is certainly who comes to mind when we think of cinematographic operators, those who put films in projectors to light up the screens of cinemas.
In the great EMPIRE OF LIGHT, Toby Jones plays Norman, a projectionist who keeps his cabin as a fiefdom of magic and mystery where the light that projects the films is made. At great cost, he allows Stephen to start going to the cabin and learn to project films.
In my life as a movie buff I’ve dealt with many projectionists.
I remember Mr. Carraveta, an octogenarian gentleman who already had difficulty lifting the film rolls to fit the projectors, but who had wonderful cabin stories. From the nitrate films that were flammable to the moviolas where he fixed parts of films with defects in the copy.
Or Mr. Ariovaldo, a salesman who at night projected films at Cine Avenida. He was the person who hates most the picture EMPIRE OF THE SENSES, a masterpiece by Nagisa Oshima, which ran for more than a year at Avenida. He could no longer watch the Oshima couple’s drama.
Or Gessi, a projectionist from Cine Carlos Gomes who, in the last session of the night, subtracted some scenes from the movie (western, kung fu or porn) to go home earlier.
Today, movies reach movie theaters over the internet with complex coded keys that place them in state-of-the-art digital projectors.
But we still miss the reels of film, the bright charcoal creating the light to project the film onto the screen, the signs that the reels of film were running low, those hot, dimly lit booths with the walls covered in old movie posters .
They were a cinematic paradise.